Aos 12 de novembro de 1926, em São Sebastião de Castro, município de Garibaldi, nascia a 4ª filha do casal Aurelio Cigolini e Felicita Suman Cigolini. Família profundamente religiosa, de tradição italiana. O casal teve 13 filhos, todos educados na fé cristã e formaram suas famílias nos mesmos valores recebidos dos pais.
Irmã Amelie sentiu o chamado para ser Irmã de São José, ainda muito jovem. Tendo manifestado o desejo aos pais, o próprio pai, mesmo achando-a ainda muito criança, resolveu apresentá-la a Madre do Convento São José, Garibaldi-RS. Esta, a recebeu, com apenas 12 anos. Amelie foi crescendo no ambiente religioso e admirava tudo. Gostava de estar junto com as outras jovens, mas sentia muita saudade da família. Como era costume, visitava muito pouco a família. Depois de anos que não via os familiares, conheceu irmãos e irmãs que tinham nascido depois dela estar no Convento. Aí sentiu abalar a própria vocação. Mas pediu forças a Deus e retornou ao Convento. Assim, foi crescendo nos ensinamentos religiosos e, em 23 de fevereiro de 1943, iniciou o Postulantado, muito alegre e feliz. Seguiu-se o Noviciado, Juniorato e, em 19 de outubro de 1944, fez sua 1ª profissão. Em 19 de outubro de 1950, fez a profissão perpétua. Foi professora, orientadora educacional de 1948 a 1976, em vários lugares; Pelotas, Montenegro, Sevigné, Vacaria, todos no RS. Despois, em Feira Nova-PE, Recife, São Luís, MA, Pastos Bons, também no Maranhão. Sempre foi muito exigente como formadora, tanto na escola, como no Convento, pois foi Mestra de postulantes e noviças de 1962 a 1967. De 1970 a 1971, foi assistente provincial. Em 1972, partiu para o Nordeste - Pernambuco, onde serviu as comunidades, ensinando nas escolas públicas até se aposentar. De 1977 a 1985, foi Provincial da Província do Maranhão, deixando grande legado na liderança colegiada. Deu grande contribuição na formação de comunidades cristãs, na formação de liderança, destacando-se no ensino de Bíblia, até seus 90 anos. No dia 02 de fevereiro de 2022, com a saúde fragilizada, começou a fazer parte da comunidade da Betânia-Garibaldi-RS, onde se encontra muito feliz e servindo à comunidade, no que pode e sendo servida em suas necessidades.
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Seguem depoimentos de Irmãs que a conheceram, conviveram e muito aprenderem com ela e a admiraram:
- Irmã Amelie foi minha mestra no Noviciado. Admirei muito o jeito que lidava com as pessoas.
Na formação, sempre dizia que deveríamos criar hábitos, ter atitudes e convicções para a vida, e combatia muito o apego a certas coisas que não levam a nada.
É muito agradecida por tudo. Sempre ensinava aos outros a serem pessoas agradecidas, respeitosas e a terem atitudes de bom comportamento.
Gostava de colecionar piadas, advinhas para partilhar nos momentos de lazer e fazer sorrir. Na convivência, criava um clima de descontração e alegria. Muito prestativa em qualquer situação. Sempre foi muito animada, em qualquer ambiente que se encontrasse (Irmã Hilda Riva).
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- Conheci e convivi com Irmã Amelie quando fui para o postulantado em Garibaldi, em 1962. E depois, no 2º ano do Noviciado, quando Irmã Amelie foi mestra de postulantes e noviças. Irmã Amelie era bem jovem e creio que foram seus primeiros anos nesta missão. Muito alegre, jovial, era muito de igual para igual com a gente, nas recreações, nos famosos passeios e brincadeiras no campinho, que sempre terminavam com um momento de contemplação e o canto do "Pequeno Trovador”. Outra característica, que não pode ser esquecida, era a da exigência: Muito, mas muito exigente em tudo!
Foi um período muito importante: às vésperas da ditadura militar, como também do Vat. II, no ambiente da "volta às fontes" da Congregação. Irmã Amelie, com o importante apoio de Moema Viezzer, de alguma forma nos fez mergulhar sobretudo nos dois segundos aspectos.
Irmã Amelie imprimiu um jeito muito próprio de conduzir este período da formação; o que lhe valeu lidar com algumas boas resistências de grupos internos mais tradicionais.
Para mim acredito que este tempo me fez dar os primeiros passos no sentido da pertença à Congregação e também do olhar para fora, tanto que ao sair do Noviciado fomos (Irmã Teresinha Muraro e eu) para o conceituado Colégio São José, em Pelotas. Logo fomos encontrar uma das comunidades mais carentes da periferia. Não sei como, mas a Mestra conseguiu colocar esta chama, nos indicar esta direção. Depois disso, só muitos anos depois pude reencontrar Irmã Amelie, nos encontros, retiros, confirmando seu testemunho de presença significativa, participante, fiel e, acima de tudo, uma Irmã de bem com a vida. Obrigada Irmã Amelie! (Diva Paravizi)
Pessoa de espiritualidade profunda, vivendo-a no dia a dia da vida, transmitindo para nós, que tínhamos o desejo de viver a Vida Religiosa Consagrada, essa espiritualidade baseada nos grandes mistérios da nossa fé. Destacava-se pela compreensão, delicadeza e interesse por nós, servindo-nos em todas as necessidades.
- Pessoa aberta, simples, de boa convivência e por vezes bastante humorista. Transmitia-nos um espírito de perseverança e responsabilidade nas nossas obrigações. Muito bondosa e coerente entre o falar e o agir. Dizia-nos “vale a pena ser religiosa se for para viver na coerência, na alegria e na entrega total a Jesus Cristo e ao seu Reino”. (Irmã Helga Therezinha Zottis)
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- Convivi longos anos com Irmã Amelie. Marcou-me muito desde a formação, o amor pelo cultivo interior, amor à Congregação, mulher de um espírito de fé muito forte. Muito feliz na vocação, mulher de muita determinação e de grandes convicções. Tinha opinião própria, mas era aberta para buscar a verdade, para ter clareza. Inovou os conteúdos dos programas de formação, mesmo lhe custando críticas. Intuía que era o momento da Vida Religiosa Consagrada encontrar o jeito de se tornar significativa para os graves problemas da humanidade. O núcleo central da formação da época foi a Palavra de Deus, aprofundada por ela e pela Moema Viezzer, pois dizia que ela nos leva a conhecer Jesus e assim segui-lo na radicalidade. (Termo esse, muito usado na época). Irmã Amelie tinha facilidade de perdoar e reatar as relações na comunidade, quando houvesse algum atrito. Profundamente amante da vida comunitária, zelava por relações verdadeiras. Dedicou vários anos de sua vida, em São João dos Patos –MA, acompanhando as crianças do Centro Alternativa Solidária – CAS, que faziam sua alegria, na hora de distribuir a comida do almoço. Sou muito grata pela amizade e por tudo o que aprendi. Obrigada querida Irmã Amelie. Minha eterna gratidão por ter sido a Irmã que foi. (Rosalia Fávero)
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