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Vidas que inspiram comunhão

Irmã Francisca Simionatto

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Sou Irmã Francisca Simionatto e tenho 94 anos (2025).

Entrando na Congregação das Irmãs de São José recebi o Irmã Maria Teodora. Naquela época era costume trocar o nome de família pelo nome religioso.

Fiz os primeiros votos em 13 de janeiro de 1952, em Garibaldi/RS.

Atualmente moro em Lagoa Vermelha, RS.

Tenho 73 anos de Vida Religiosa Consagrada, na Congregação ISJ, vividos na fidelidade, na alegria, na doação generosa a Deus e ao querido próximo.

 

Minha vocação surgiu de um encontro especial. Não lembro da idade que eu tinha, quando fui na cidade de Sananduva e vi as Irmãs pela primeira vez. Para mim, ‘eram como estátuas que andavam’. Encantei-me com elas. Quando fomos para casa, falei que eu queria ser como elas. A mãe me disse que, então, eu precisava ir na escola. Não era costume as meninas irem muito para a escola. Meu pai, devido à distância da escola, tendo muito cuidado, não quis que eu fosse sozinha. Ele disse: ‘quando tiver 12 anos, vou colocar você no colégio das Irmãs para estudar’. Quando eu tinha 12 anos, o pai faleceu. Aí fiquei mais 2 anos em casa para ajudar a mãe.

 

    Aos 14, a mãe falou com as Irmãs que moravam no hospital de Sananduva. Passei a morar com elas e estudar no Colégio Santa Terezinha, este também das Irmãs de São José. Na época, não se falava em missão e, sim, em ‘salvar almas’. O testemunho das Irmãs me atraia, me dava ânimo. Então, decidi seguir em frente na Congregação. A mãe ficou em dúvida e pensou que eu iria logo voltar e disse: ‘acho quer ir para passear’. O padrasto falou: ‘deixe ela ir! Se não for a vocação dela, ela vai volta e tem lugar em nossa casa’. Graças ao apoio do padrasto, continuei a caminhada para ser Irmã. Fui encaminhada para Garibaldi em 1948. Em 1949, entrei no Postulantado, e, nos dois anos seguintes, fiz o Noviciado. Foi um tempo de conhecer melhor Jesus e o caminho da vida religiosa.

Alguns aspectos relevantes do trabalho (profissão) e da missão.

Preparei-me na área da saúde, cursei enfermagem. Quase sempre trabalhei em hospitais do interior. Não havia recursos como hoje. Precisava-se de muita criatividade para ‘salvar vidas’. Em um hospital que trabalhei, após às 21 horas, não tinha luz elétrica na cidade, após às 21h. Imagine fazer parto, cesariana... à luz de vela. Não tinha incubadora, nem fogão a gás para aquecer os recém-nascidos. Muitas vezes, lembrava do nascimento de Jesus... na pobreza... Sou agradecida a Deus, pois Ele sempre me iluminava e assim pude salvar muitas vidas. Nos hospitais, trabalhava durante o dia e, muitas vezes, à noite fazia também plantão.

No hospital Pompéia de Caxias do Sul, as Irmãs com mais idade, com frequência me solicitavam para fazer plantão no lugar delas. Eu sempre fui muito ativa, com muita disposição e, por isso, assumia para que elas pudessem descansar.

 

Deixo minha mensagem para as Irmãs mais jovens na Congregação:

Nunca perder a esperança.

Seguir a proposta: oração e ação como o Pe. Médaille fazia. Não se deixar abater pelos imprevistos e dificuldades. Depositar a confiança em Deus. Lembrar sempre, de que somos humanas, e podemos cometer falhas. Quando vejo falha na outra, perdoar e que sirva de degrau para eu melhorar. Carrego a certeza de que: “Quem põe a mão no arado, não olha pra traz”, pois o olhar e a mão de Deus não faltam (Lc 9,62). Sigam em frente com coragem, oração e dinamismo apostólico.

Uma passagem Bíblica que é força e inspiração em minha vida é:

“Vem e segue-me”. (Mc 10,21) e “Mesmo de noite, Deus me exorta”.  (Sl 15,7) 

Posso dizer que experimentei alegrias em minha vida, bem como tive vivências muito significativas. Uma das alegrias foi sentir na vida das comunidades o ‘bem querer’.  Viver tranquila, com a consciência de ter sido fiel ao Chamado de Deus e de me ter deixado conduzir pelo Espírito Santo, no cuidado aos doentes. Outro aspecto é aceitar o que passou, sem rancor, sem raiva e viver reconciliada, feliz, com leveza interior e em paz com as pessoas e com Deus.

 

O que me ajuda a Viver bem a idade que tenho é:

- Um lugar que amo muito é a capela. É no encontro com Jesus eucarístico que aprendo a viver o despojamento em tudo. Ai aprendo seu jeito de amar, de se relacionar e servir. Aprendo ser feliz, quer tenha muito ou pouco.

- Na vida em missão, procuro dentro de minhas forças ajudar sempre que posso: Faço comida todos os dias; faço crochê, frivolité, tricô, costuro roupas para pessoas carentes, faço parte do projeto “Mãos que aquecem” da Comunidade São José do Patrocínio; participo do Projeto “Mãos que fazem” das LLPP de Lagoa Vermelha.

Minhas grandes alegrias que experimentei na vida era ver a pessoa com vida, saúde, graça à ajuda que pude dar: ‘ser instrumento de Deus para salvar vidas’.

Como imagem que me acompanha e me ajuda na vida é a imagem de meu pai voltando da roça. Ele tirava o chapéu. Um dia perguntei o porquê.  Ele me disse: quando rezo, por respeito a Deus, tiro o chapéu. Aprendi do pai reconhecer que sou pequena diante de Deus.

 

Irmã Francisca Simionato

Depoimento registrado em 05 de novembro de 2024.

 

Grupo do Resgate da Memória da Província ISJ

 

 

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