A chegada das Irmãs de São José de Chambéry ao Brasil se deu, especialmente, em três momentos significativos. Temos literatura disponível para quem deseja aprofundar o conhecimento desta história fascinante. Inicialmente, precisamos lembrar os fatos que marcaram a Europa e o Brasil na segunda metade do século dezenove (1800 a 1900). Na Europa: A revolução industrial deixou muitas famílias na miséria e fez com que muitas pessoas deixassem sua pátria em direção a outros países. No Brasil, a escravidão com suas leis de “libertação,” como foi o caso da Lei do Ventre Livre e Sexagenário, deixou no desamparo, milhares de escravos. Os projetos econômicos acharam mais lucrativos substituir a mão de obra escrava pelo processo de migração. Escravos/as sem a ajuda da “casa grande”, sem terra, sem teto e imigrantes em terra estrangeira, sem escolas, hospitais e igrejas, clamavam por ajuda.
Este clamor foi levado à França, até a Congregação das Irmãs de São José, inicialmente, por D. Antônio Joaquim de Melo, e, em 1858, Madre Maria Felicidade Veyrat enviou as primeiras sete Irmãs: Maria Justina Pepin, Maria Angelina Achard, Marta da Cruz Goddet, Maria Elias Miévre, São Paulo Angelier, Maria Cunegundes Gros e, como superiora, Maria Basilia Genon que adoeceu na viagem, vindo a falecer, foi lançada ao mar. Logo, na segunda viagem, em 1859, veio Ir. Maria Teodora Voiron, com 24 anos, como responsável pelas Irmãs e pela Missão.
Em l872, o Conselho Geral aprovou a Missão brasileira como nova PROVÍNCIA. Madre Maria Teodora Voiron foi nomeada Superiora Provincial para o Brasil. O Colégio Patrocínio – Itú - foi o primeiro Colégio de Irmãs para meninas e moças, no Estado de São Paulo e alcançou renome e fama fora do Estado.
Quarenta e seis anos depois, em 1896, outro bispo, agora do Paraná, Dom José Camargo Barros, foi à França pedir Irmãs. No dia 28 de julho, deste mesmo ano, chegaram a Paranaguá/PR, as Irmãs: Flavie Borlet, Cecile Mermoz, Marie Basile Bonnevie, Marie Joseph Jacquier, Marie Lucile Rolland e Marie Françoise Michel. A província do Paraná foi criada em 1901, sendo Ir. Leonie Blanchet a primeira Provincial.
O terceiro grupo de missionárias veio para o Rio Grande do Sul, chegando, em Porto Alegre, no dia 29 de dezembro 1898, a pedido do bispo Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão, por intermédio dos Frades Capuchinhos que conheciam as Irmãs de São José de Moûtiers. Foram enviadas as Irmãs: Maria Paula Dunand, Maria Azélia Diocet, Clotilde Zaberer e Dorothé Pachod. A Província de Garibaldi foi criada em 1900, sendo Ir. Marguerite Trésal, a primeira Provincial.
De 1858 a 1910 vieram da França para o Brasil mais de 200 Irmãs, todas com a idade entre 20 e 30 anos. Pisaram o solo brasileiro com generosidade, desprendimento, fé e a coragem incontestável. Vieram sem perspectiva de retorno. Muitas deram a vida já nos primeiros anos de missão, acometidas de doenças graves por se fazerem “próximas” dos doentes!
Esta vida doada se tornou “sementeira de muitas vocações”. Em 20 anos de presença no Brasil, já havia centenas de Irmãs brasileiras, que, junto às francesas, construíram muitas escolas, hospitais, orfanatos ou se integravam nas instituições públicas e/ou diocesanas. Na década de 1960, as Irmãs de São José já eram mais de 2.000, organizadas em três Províncias. Assim, em 1963, a Província de Garibaldi foi reorganizada em três Províncias que se chamaram: Caxias do Sul, Porto Alegre e Lagoa Vermelha. Foram abertas missões no Mato Grosso, Bahia, Maranhão e Bolívia. Mais tarde, em 2011, a Bolívia passou a ser uma Região autônoma e as comunidades no Nordeste e Norte do Brasil, em 1981, se organizaram, também, numa Província/Região. Portanto, em 2015, no Brasil, havia cinco Províncias e uma Região. Devemos lembrar, ainda, que em toda esta história, a vinda e a ida de irmãs francesas e brasileiras continuam até hoje, 2016.
a) Preliminares sócio-culturais-eclesiais • Grandes mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais aconteceram no Brasil a partir de 1960. O governo investiu mais nos serviços públicos, nas áreas da saúde, educação e assistência social, antes, tarefa, quase, exclusiva das Congregações e/ou Dioceses. O setor privado, também, investiu nestas áreas. Os grandes meios de comunicação passaram a ter muita influência nas relações sociais, familiares. • As famílias reduziram, grandemente, o número de filhos. Muitas outras Congregações Religiosas se instalaram nas mesmas regiões. E outras situações sociais/culturais fizeram com que diminuísse, gradativa e significativamente o número de entrada na Congregação. Começou uma diminuição significativa do número de Irmãs em cada Província/Região. Mesmo, mantendo a mesma estrutura, em 2015, o número não passava de 600 Irmãs.
b) Ações realizadas em conjunto e que prepararam a Integração:
b.1) ENCONTRO DAS COORDENAÇÕES
28/03/1967- Primeiro encontro dos três Conselhos Provinciais do RS 1976–Iniciaram os encontros sistemáticos das coordenadoras e dos Conselhos das ISJ no Brasil – 1 a 2 encontros por ano.
b.2) FORMAÇÃO
* Formação inicial - A partir de 1990, gradativamente, a Formação Inicial foi realizada em conjunto. ** Formação contínua – Integrando as Províncias e Região, de 1978 a 2012, foram cinco Projetos diferentes-com encontros anuais, com a participação, em média, de quatrocentas Irmãs em cada Projeto.
b.3) EQUIPES INTER de: Orientação de Retiros. Comunicação (site - revista). Resgate da História. SAVI (Serviço de Animação Vocacional). Acompanhamento de Leigas/os do Pequeno Projeto. Formação. Ecônomas e Processo Integrando.
b.4) COMUNIDADES INTER - Há muitos anos, no Brasil e em seis países.
b.5) ENCONTROS periódicos de Irmãs ligadas à: Educação. Saúde. Inserção em Meios populares. Administração. Formação e outros.
Sentindo a necessidade de ser mais efetivas, na busca, de unir forças, fortalecer a missão, ampliar o raio de atuação e otimizar recursos, no encontro dos Conselhos, em 2005, foi criada a Equipe Inter de Reflexão e Articulação (EIRA). A Serviço das Províncias e Regiões, a Equipe desenvolveu até 2011, um longo trabalho com todas as Irmãs, apresentado um projeto que priorizava a articulação a partir da missão, sem ignorar as outras dimensões da vida e Espiritualidade. A aprovação alcançou 90% das Irmãs em condição de votar.
No entanto, as dificuldades de implementação levaram a suspender a Equipe e o projeto e procedeu-se um redimensionamento, enfatizando a espiritualidade, sem esquecer a missão.
Em 2012, foi constituído novo grupo, a Equipe de Integração, com a Assessoria de Ir. Virma Barion, da Congregação das Carmelitas da Caridade de Vedruna, para acompanhar o processo. A Equipe centrou trabalho na Espiritualidade e Carisma, realizando importantes seminários a respeito e envolvendo todas as Irmãs nos objetivos da Integração, através do uso de fichas para uma Leitura Orante da Palavra de Deus e da realidade das Irmãs.
Em 2013, com base em toda a caminhada feita, pessoalmente, em comunidade e nos Seminários, cada Irmã foi convidada a fazer sua opção por um modelo de organização: Uma ou duas Províncias no Brasil.
No dia 8 de março de 2014, com a presença do Conselho Geral, foi feita a apuração das opções, ficando aprovada a organização em uma Única Província, no Brasil, por 83% das Irmãs. Em abril de 2015, foi realizada uma grande Assembleia do Prcesso Integrando, em Itu. Esta Assembleia, na qual participaram 131 Irmãs, aprofundou o conhecimento mútuo e o sonho de unir forças. Foram feitos encaminhamentos com relação ao processo de integração das Associações, a escolha da sede provincial: Curitiba – PR e feitas as orientações concretas sobre o primeiro Capítulo Provincial que uniria a todas.
O próximo grande passo foi, então, a primeira Assembleia Capitular da Província Única, realizada de 24 a 30 de Janeiro de 2016, em São Leopoldo- RS que APROVOU:
* A constituição da Coordenação e Animação da Província:
a) Um Conselho Provincial: A Provincial e quatro Conselheiras.
b) Um Conselho Ampliado, constituído pelas Coordenadoras dos Núcleos de Comunidades e/ou Coordenadoras das Equipes de Serviço.
c) Capítulo e/ou Assembleia Provincial.
* O número de núcleos: seis e a sugestão das comunidades que, provisoriamente, constituem cada Núcleo:
* As Equipes de Serviço, como ponto de partida: Doentes e idosas. juventudes-CSJ/SAV. Animação missionária. Administração/Finanças.
Neste Capitulo, a Superiora Geral Ir. Sally Hodgdon leu o Decreto de supressão das atuais Províncias e Região e a criação da Província Única, procedendo a eleição da Coordenação da nova Província, cujos membros eleitos foram: Coordenadora Provincial - Irmã Luiza Rodrigues. Conselheiras: Irmã Elisa Fátima Zuanazzi, irmã Geni Estegues Pereira, Irmã Katia Rejane Sassi e Neuza Maria Delazari. Suplentes: Irmã Adriana Aparecida Romão e Maria da Glória Fernandes Oliveira.
A Assembleia definiu, também, pontos importantes da caminhada conjunta, decorrentes da realidade do Brasil e das Prioridades traçadas pelo Capitulo Geral de 2015.
Irmãs de São José no Brasil, confiantes, querem “Olhar com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abraçar com esperança o futuro” (Papa Francisco).
Ir. Dominga Zolet