Nascimento: Itarantim – BA, Brasil / Idade 59 anos
Nome dos pais: Almerindo Feliciano Rodrigues
Josefa Maria de Jesus
Primeiros Votos: 18/03/1989 (36 anos de votos). Votos perpétuos: 10/06/1995(aos 30 anos).
Quando eu estava cursando o Ensino Médio, minha colega de classe Joelma comentava que desejaria ser freira enclausurada. Eu nunca tinha pensado em ser freira. O meu sonho era terminar o segundo grau, ingressar na Universidade e fazer medicina. Isso porque eu escutava histórias no rádio, dizendo que um médico salvou a vida de uma pessoa. Então, eu sentia um chamado forte para salvar a vida das pessoas. Também eu observava o atendimento de pessoas enfermas nos hospitais e, muitas vezes, não eram atendidas com amor e carinho.
Na Igreja Paróquia Santo Antônio, no mês das vocações, sempre se rezava pelas Vocações Religiosas e Sacerdotais. Os padres Missionários do Sagrado Coração de Jesus perguntavam: Será que dessa cidade, sairá um padre, uma freira? A Messe é grande, mas os operários são poucos. Os apelos para seguir Jesus na vida Religiosa eram muito fortes, também as letras dos cantos vocacionais tocavam o coração. Um dos cantos dizia: “Sai da tua terra e vai onde te mostrarei”....
Enfim, comecei a pensar em ser freira. Conclui o 2º Grau no curso de Magistério e fiz Curso de Datilografia. Nas festas, quando um jovem conversava comigo e eu expressava que meu desejo era ser freira, ele me dizia: “Você pensa em ser freira? Está louca?” Os padres Getúlio e Rafael entraram em contato com as Irmãs de São José e as Irmãs Rafaela e Clementina vieram nos visitar. No período de férias, eu fui para São Paulo visitar meu pai, pois ele era separado de minha mãe. Nesse período, fui conhecer as Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, em Osasco, São Paulo. Elas me acolheram muito bem. Passei uma semana com elas. Li a história da Congregação. As Irmãs me perguntaram se eu queria ficar na Congregação delas, eu disse que sim.
De volta para a Bahia, recebi um convite das Irmãs de São José para participar de um encontro vocacional em Porto Seguro. Eu e minhas amigas fomos para o encontro. Voltei do encontro com dúvidas: se eu iria com as Pias ou São José. A minha amiga Joelma disse para o padre Getúlio que eu estava com dúvida. Então ele disse: escreve uma carta para as Pias e diz que você decidiu ir para outra Congregação. Senti coragem e escrevi a carta. No final de 1984, conclui o segundo grau. No ano de 1985 entrei na Congregação das Irmãs de São José. Nesse período de aspirantado trabalhei com a turma da pré-escola, e me envolvi nos trabalhos pastorais.
A minha amiga Joelma disse: “Você vai e depois eu vou”. Só que não veio, se casou, teve 3 filhos. Depois ela descobriu que o marido a havia traído e ela decidiu se separar dele. Penso que Deus me chamou para a vida Religiosa através de Joelma. Depois de um ano no Aspirantado, decidi dar mais um passo e iniciei o Postulantado, em 1986, em Itabela-BA. Tivemos como Mestra a Irmã Clementina Piovesan.
Éramos 6 aspirantes, 5 dessas decidiram sair. Eu não tinha dúvida sobre seguir Jesus na Vida Religiosa. Sentia-me feliz de fazer só um ano de postulantado, pois eu já tinha 20 anos, eu desejava que a caminhada fosse rápida. No período do Postulantado, recebi o sacramento da Confirmação e convidei a Irmã Nadalina Perondi para ser a minha madrinha. Trabalhei na escola primária com a 4ª série, e carteira assinada pela Prefeitura.
Em 1987, iniciei o Noviciado em Goiânia. Era Interprovincial (LV, CX e SP), com as Mestras: Alice Bosio, Elenice Buoro e Graciema. Foi uma experiência muito boa. Tivemos a graça de viver junto com a Irmã Ida de Jesus. A Irmã Valesca convidou para participar de curso de capacitação para trabalhar com jovens na Casa da Juventude. Descobri a missão de compromisso com a juventude. Na comunidade, nos envolvemos nas CEBs e organizamos um grupo jovem na Comunidade da Água Branca.
Nesse período de experiência profunda com Jesus, eu desejei ser perfeita! Cuidava para não cometer erros. Era como se eu estivesse andando para não pisar em ovos. O padre Joaquim, Beneditino, era o meu diretor espiritual. Depois percebi que não é possível ser perfeita, mas aprender com os erros e não permanecer neles, pois seria ignorância. Quando estava completando os dois anos de Noviciado foi decidido fazer os primeiros votos em Itabela. O nosso desejo era fazer em Goiânia, porque tinha mais tempo de envolvimento com os jovens e o povo. O Coordenador do Grupo jovem José Carlos, queria fazer abaixo-assinado. Não adiantaria, pois nosso tempo em Goiânia era só dois anos. Foi uma triste despedida, ficamos com o coração partido.
No Juniorato, morei em Feira de Santana, Bahia, trabalhei com os jovens e plantamos árvores no Bairro. Novo e não tinha nenhuma árvore. Depois fui para o Espírito Santo junto com as Irmãs Valesca e Elena Miotto. Foi uma experiencia muito boa. Em Vitoria, trabalhei na assessoria dos jovens do Meio Popular (PJMP) e nos tornamos uma grande família. Fiz Filosofia em Vitoria, mas o Instituto não era reconhecido. Depois revalidei na Universidade de Passo Fundo-RS (UPF).
Trabalhei na escola de 2º Grau como professora de Filosofia e História. Participei de seminário e palestras com Jung Mo Sung, Frei Beto e Leonardo Boff. Foi uma grande alegria poder ouvi-los de perto. Participei dos Juninter. Em preparação para os votos, junto com as Irmãs da comunidade, compus a música “Para ser Irmãs de São José é preciso saber viver, se entregar de uma forma total para uma missão no mundo universal”... Pensei nessa música para ajudar na Animação Vocacional. Em 1995, fiz os Votos Perpétuos em Itarantim-BA. Os jovens lotaram um ônibus para participar da celebração, as Irmãs também lotaram um ônibus. As famílias da cidade acolheram as Irmãs e os jovens. Usei como símbolo um coração de vaca, porque para amar precisamos ter um coração de carne e o tema era: “Amarás o Senhor teu Deus com toda tua alma e com todo o coração e o próximo como ti mesma”. O enfoque era sobre o amor.
Fui transferida para Passo Fundo – RS. Fiz Teologia. Pedi para ficar um ano fora da Congregação. Morei em um apartamento com uma idosa Joana, ex-Irmã de Notre Dame. Consegui trabalho na “Assistência Social diocesana Leão XIII”, foi uma experiência muito boa nessa instituição. Nesse período fora, a Irmã Nilva Rosin foi uma grande amiga me ajudou muito, sou muito agradecida por isso. Em 2016 fui chamada a ir para Tanzânia, África. Irmã Valesca e eu ficamos 4 meses nos Estados Unidos, aprendendo Inglês. As Irmãs sempre acolhedoras, amáveis, bom de conviver com elas. No mesmo ano de 2016, fomos para Tanzânia. Em Tanzânia o povo fala Swahili e Inglês. Estudamos o Swahili. Iniciei o trabalho de supervisionar as estudantes no internato (Hostel), trabalhei durante 10 anos. No ano de 2019, deixei o internato e fui trabalhar na escola primária da Diocese, onde lecionei Inglês na 3ª e 4ª séries e outra disciplina que eu não conhecia: Vocacional Skills. Trabalhei durante cinco anos. No final de 2024, eu informei os alunos que eu não continuaria sendo a professora deles. Todos os alunos começaram a chorar, pedindo para não os deixar. Meu coração partiu quando vi todos chorando, também a 5ª série estava chorando. Então o Coordenador da Escola pediu para eu falar com os alunos e dizer que em 2025 eu continuaria com eles. Então prometi que passaria um dia com eles. Foi a maneira de pararam de chorar. Morei em Tanzânia 18 anos.
Trabalhei com os jovens, entrei no coral da Igreja, visitei doentes e me envolvi em muitas atividades. Quando informei o povo que passaria um tempo no Brasil, muita gente ficou triste com lágrimas nos olhos... Algumas mulheres disseram que iam rezar a Santa Rita de Cassia, das Causas Impossíveis, para que eu voltasse à Tanzânia. Deram-me muitos presentes, inclusive dinheiro. Na escola onde trabalhei não foi diferente. Recebi de presente 300,000 mil Shilings (um salário de professor). Cheguei ao Brasil no dia 1° de Abril de 2025. Vim morar na comunidade São José do Tabor. As Irmãs Lidia, Lucimar e Marina foram me buscar no aeroporto. A Diretora e Coordenadora da Escola Tabor estavam esperando para uma deliciosa pizza. Foi uma acolhida calorosa.
Que mensagem você deixaria para as jovens e vocacionados a vida religiosa?
Viver com alegria o chamado de seguir Jesus, se entregar ao amor de Deus, amar a todas as pessoas sem discriminação de raça e de cor, ter compaixão como Jesus teve do povo, ajudar os necessitados, se deixar guiar e iluminar pelo Espírito Santo e estar com o Espírito Santo a toda hora e a todo momento pois é ele quem nos inspira. Se desapegar de tudo, até mesmo das boas lembranças que nos marcaram.
Passagem bíblica que é força e inspiração em sua vida:
1Cor 13,1-13 / Lc 10,27-28 / Mt 25,31-46