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Inicial Memorial da saudade Irmã Lidia Tiecher
Imagem da irmã

Irmã Lidia Tiecher

Estrela de nascimento 17/08/1935
Cruz de falecimento 13/06/2015

Irmãs de São José Provincia de São Paulo  

Irmã Lídia Tiecher

* 17/08/1935      + 13/06/2015

 

 

Mostrar-me-ás, Senhor,  o caminho da vida, a plenitude da alegria na tua presença, a eterna alegria de estar à tua direita” (Sl 16,11). 

Lídia nasceu a 17 de agosto de 1935 em Putinga – RS, filha de João Tiecher e de D. Salute Giusti e foi a primeira filha do casal.  Juntamente com a família dos avós, Luis Tiecher e Adele Fachini e todos os filhos do casal, os pais de Lídia mudaram-se para Vargeão - SC, quando a menina era bem pequena. Aí, a família cresceu, sendo ao todo oito irmãos: seis mulheres e dois homens. De suas origens europeias, a família trouxe a Fé e os valores cristãos que manteve vivos com reza quase diária do terço.  Aos domingos, era o pequeno povoado que se reunia para rezar o Terço, ler o Evangelho, e sempre que tinha alguém com mais coragem, dizia umas palavras à comunidade.  De vez em quando, era visitada por um padre. Sob sua orientação, D. Guilhermina Parizotto, muito respeitada no lugar, preparava as crianças para os sacramentos. Ela começou também a alfabetizar as crianças e aos poucos uma pequena escola foi organizada com as séries primárias. Foi aí que Lídia iniciou seus estudos.

 

Lídia sempre foi muito querida na família e com as colegas. Passava bons momentos com brincadeiras de roda ou joguinhos que os pais ensinavam, como “tria”.  Ela era sempre serena, delicada, de pouca conversa e viveu essa característica até o fim de sua vida.

 

Como a escola era bem rudimentar e Lídia queria continuar estudando, os pais a levaram ao lugarejo próximo - Ponte Serrada - onde as Irmãs de São José de Chambéry, dirigiam e eram professoras no Grupo Escolar “Dom Vital”. Aí, Lídia completou seu curso primário, hospedada numa casa de família muito piedosa e que contribuiu para despertar nela o desejo de seguir a vocação religiosa como Irmã de São José. Mais tarde, uma de suas irmãs, Teresa Tiecher também seguirá a vocação religiosa, na Congregação de São Carlos de Lion.

 

Em 1952, Lídia, chegou a Itu, São Paulo e ficou quatro anos no Juvenato, cursando o Ginásio, (hoje Fundamental II). Concluída essa etapa, Lídia entrou para o Noviciado, a 24 de dezembro de 1955. E recebeu o hábito das Irmãs de São José, no dia 08 de agosto de 1956. Viveu com fidelidade as etapas de sua Formação inicial, fez os primeiros votos a 04 de setembro de 1958 e sua Profissão Perpétua no dia 02 de fevereiro de 1964.

 

A missão de Irmã Lídia, na Província de São Paulo, tem uma longa folha de serviços prestados, na área administrativa. Dedicada e persistente, seu trabalho era feito com a maior fidelidade e capricho.  Para se tornar eficiente, Irmã Lídia continuou seus estudos fazendo o Curso Supletivo (Madureza) em Taubaté, concluindo-o em 1970. Em seguida, fez o curso de Biblioteconomia em São Paulo, formando-se em 1974. Assim, ao longo de toda a sua vida religiosa, Irmã Lídia serviu seja como secretária, tesoureira, excelente bibliotecária, arquivista,  em muitas de nossas comunidades e obras: no Patrocínio, Casa de Repouso S. José, Faculdade EESJ, Colégio Santana. E finalmente, I. Lídia permaneceu como Secretária da Província, junto a vários Conselhos Provinciais, por quase 30 anos, desde 1984 até 2013. Tornou-se como um arquivo vivo, tinha toda a história da Província na memória. Qualquer dúvida ou curiosidade sobre fatos ou documentos era só perguntar a ela. I. Lídia também foi das primeiras Irmãs a conseguir habilitação de Motorista. Muito dedicada e fraterna, por longos anos dirigiu a Kombi, transportando as Irmãs, com segurança aos encontros, ao aeroporto, em passeios ou para outros afazeres.  

 

Ligada à família, Irmã Lídia se dedicou a pesquisar sua árvore genealógica. Sabia de um tio padre, irmão de seu avô paterno, o Padre Bartolomeu Tiecher (1848-1940).   Descobriu mais informações a respeito dele, primeiro sacerdote italiano que acompanhou e assistiu os imigrantes nas colônias do Rio Grande do Sul. Ele nasceu na região de Trento, na época uma província do Império Austro-Húngaro. O Pe. Tiecher sabia falar dois idiomas e visitava colônias italianas e alemãs.  Na fase pioneira da colonização, por causa da falta de Igrejas, celebrava missas ao ar livre. O Padre Tiecher também se destacou como um naturalista, sendo um grande estudioso da flora rio-grandense, sobre a qual escreveu muitos artigos e uma obra “Relação das Plantas”. Deixou trabalho inédito e coleções.  Pe. Bartolomeu Tiecher é homenageado na suntuosa bandeira da porta central da Igreja de São Pelegrino, de Caxias do Sul e está sepultado na igreja matriz de Garibaldi.

 

Não estando bem de saúde, I. Lídia precisou deixar o trabalho de secretária provincial e foi transferida para o Patrocínio, em Itu a 25 de maio de 2013. Ainda colaborou na organização da Biblioteca, mas seu estado de saúde se agravava. Hospedada na Casa de Repouso S. José, recebeu todos os tratamentos indicados e partiu para Deus no dia 13 de junho de 2015, festa do Imaculado Coração de Maria, a Mãe que tantas vezes, I. Lídia invocou passando as contas de seu rosário.

 

I. Lídia foi uma pessoa  com muitas qualidades, virtudes, dons e carisma. Tinha um amor incondicional à Congregação, vida de oração e silêncio, fidelidade a Deus e à sua consagração. Destacava-se pela disponibilidade, discrição, responsabilidade, pontualidade, organização, respeito às pessoas, sinceridade, enfim, era a pessoa em quem você podia confiar. Acolhia a todos/as com presteza e dedicação. Seu sofrimento final foi grande, mas sua morte foi serena, calma como acontece a quem se entrega  à bondade e misericórdia do Bom Deus. Ir. Lídia também tinha um coração que sabia perdoar, quando necessário e também pedia perdão se fosse o caso. Só deixou bons exemplos para todas e todos que tiveram a graça de sua convivência. Que do Céu ela nos abençoe” (I. Judith Muniz).

 

I. Lídia foi admirável pessoa humana, cristã e Irmã de São José. Cuidava de se cultivar, aberta à formação permanente e colocava seus dons a serviço. Era uma pessoa de oração, gostava de ler a Revista da Vida Consagrada e livros de Espiritualidade. Interessava-se pela missão das Irmãs e das Comunidades. Dedicada nos pequenos afazeres da casa, sabia manter sigilo e respeito à vida das pessoas, nunca acusava ninguém. Agravado seu estado de saúde, pedia muito pouco: A companhia de alguma Irmã! Era simples na relação com as Irmãs e com funcionários/as. Vários/as, bem como Irmãs e Leigas/os (LLPP) marcaram presença amiga, orante e agradecida, no seu velório” (I. M. de Lourdes M. Toledo).

 

Descanse em paz, Irmã Lídia, e na alegria do Senhor, lembre-se de nós!