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Inicial Memorial da saudade Ir. Manoelita Gasparin
Imagem da irmã

Ir. Manoelita Gasparin

Estrela de nascimento 12/01/1927
Cruz de falecimento 27/05/2025

Congregação das Irmãs de São José de Chambéry no Brasil                                                                        Núcleo São José 

 

Nome Civil: Ilídia Gasparin

Nome Religioso:  Ir. Manoelita Gasparin 

* Nascimento:  12/01/1927

+ Falecimento: 27/05/2025

 

“Tudo posso n’Aquele que me dá força”. (Fil 4,13)

                                               

             Em Veranópolis, na família de João Gasparin e de Margarida Matiello Gasparin, nasce Ilídia Gasparin no dia 12 de janeiro de 1927. Faz parte de uma família de 15 irmãos, sendo 7 mulheres e 8 homens. Ilídia ocupou o 9° lugar. Duas filhas abraçaram a vida religiosa como Irmãs de São José de Chambéry.                

Família de profunda fé e temente a Deus, os filhos desde os primeiros dias de vida eram conduzidos para rezar, louvar e agradecer a   Deus por tudo. Unidos por laços fraternos, eram comportados e seguiam obedientes os conselhos dos pais. Os pais, muito preocupados com o sustento da família, trabalhavam incansavelmente da manhã à noite.

Neste ambiente, foi despertando dentro de Ilídia o desejo de ser Irmã e se encaminhou ao Convento São José em Garibaldi para iniciar sua caminhada formativa no dia 20 de fevereiro de 1944 com o Postulado, no dia 17 de outubro do mesmo ano, inicia o Noviciado, fazendo sua Profissão Temporária em 19 de outubro de 1945 onde passa a ser chamada de Manoelita e após perceber que era esse seu desejo, entrega-se definitivamente a Deus e aos irmãos como Irmã de São José de Chambéry, no dia 24 de fevereiro de 1951.

       A força que a acompanhou na escolha da vocação era de querer ser Irmã para salvar a minha alma. Dizia que o tempo de formação fora muito bom.   Aprendeu sobre a Congregação e a nossa Espiritualidade, sempre com grande vontade de seguir o Senhor no belo caminho da Vida Religiosa.

       Logo após sua Profissão Temporária foi enviada em missão para o Hospital Psiquiátrico em Porto Alegre, como cozinheira. Eram servidas umas 5.000 pessoas por dia. Após quatro meses, neste hospital, foi acometida pela febre tifoide. Recuperou-se depois de um longo tempo e com dificuldade, pois não existia antibióticos para tal doença. Assim, em fase de recuperação, fui enviada para o Hospital Dr. Jorge em Bento Gonçalves/RS. Em 1949 foi enviada ao Hospital São Paulo de Lagoa Vermelha/RS, como enfermeira e estudando em São Paulo no Curso Técnico de Enfermagem.   Depois trabalhou em Vacaria e São João Batista em Sananduva, e em 1977, volta para Lagoa Vermelha/RS. Pode fazer um Curso de Obstetrícia por correspondência promovida por um órgão do Rio de Janeiro.

        Dizia que tudo o que recebeu na área da saúde, só lhe deu muita alegria, porque pode ajudar tantas pessoas necessitadas de saúde e atendimento em hospitais e nas famílias.

       Fundou em 1977, na cidade de Lagoa Vermelha, o movimento do AA (Alcoólicos Anônimos) e a Fraternidade dos Deficientes Físicos.

Ir. Manoelita também morou e trabalhou no bairro em Lagoa Vermelha, fez parte da comunidade do Noviciado em Passo Fundo por um período, visitando famílias e atuando em diversas pastorais. integrou a comunidade Emaús, também de Passo Fundo, prestou serviço por alguns meses na Bahia e depois foi enviada à Lagoa Vermelha/RS, atuando com Ir. Maria da Paz, na Fazenda Terapêutica São José, no atendimento a homens na recuperação da dependência do álcool e da droga. Sentia-se muito feliz, neste trabalho, dando tudo o que possuía para estes irmãos sofridos e excluídos da sociedade; a recuperação, a permanência na sobriedade e a mudança de vida a deixavam muito feliz. Sempre agradecia a Deus pelos dons que recebeu e o que ainda podia oferecer de ajuda, apesar   da idade que tinha.

Para todo o seu dia e para a vida comunitária, encontrava forças na Palavra de Deus, Constituições e demais documentos da Congregação. Sempre foram seus livros de cabeceira. Buscava muita força e coragem na Eucaristia, na Vida Comunitária, com as irmãs de caminhada e na doação diária aos irmãos. Tinha como meta: “Amar sem cansar e ver no meu irmão a imagem do Pai”.

        Teve ao longo da vida, dificuldades no serviço, por falta de preparo, de cursos e trabalhando ao lado de Irmãs muito bem preparadas e experientes, mas isso não a intimidou, ia se fortalecendo junto de Jesus. Sentia-se profundamente agradecida à Província e Congregação, pela oportunidade que teve de ir à Terra Santa, passar por onde Jesus passou.

A Santíssima Trindade, o Coração de Jesus e Maria e a Eucaristia eram suas devoções mais queridas, ali, encontrava forças para seguir caminhando. Gostava de rezar no silêncio de seu quarto.

Ir. Manoelita, olhava para o início da sua vida e dizia que faria hoje, o que havia feito até então. Assim se expressava: “Deus é meu Pai, sempre me protege e dá a força necessária para cada acontecimento.  Tenho grande devoção a Família de Nazaré. Sempre atende os meus pedidos e me faz viver cada vez mais a Unidade entre nós e com as pessoas”. Manoelita percebia o mundo que está passando por momentos de muita dor, sofrimento, injustiças, drogas, álcool, desunião e pais separados – rezava e procurava ser útil em meio a estas realidades sofridas, sendo elo de amor, compreensão perdão, justiça e paz, neste mundo tão diferente e tão belo, com tantas oportunidades. Procurava ser a Religiosa que Deus espera, até que Ele quisesse. Tinha muito presente a frase: “Nossa Vocação de Irmã de São José é vocação de Comunhão.”

Rezava e dizia às jovens que tivessem fé, coragem e muita oração para fazer boas e certadas escolhas, que as dificuldades e sacrifícios faziam parte de nossa vida. Era só ser fiel que Deus nunca nos abandonaria.

Mantinha um coração profundamente agradecido a Deus pela vida, aos pais que a acolherem em meio de uma família numerosa à Congregação que a acolheu e da qual tudo recebeu.

Ao deitar e levantar assim rezava: “Tudo posso naquele que me dá força. Senhor, Tu me deste a vida e me chamaste pelo nome. Em meio a tantas vozes e apelos do mundo, eu quero ouvir a Tua voz. Tens sobre mim um plano de amor. Tu me conheces a fundo e sabes o que mais me convém. Ilumina-me Senhor, com teu Espírito e mostra-me o caminho que devo seguir. Dá-me força, coragem e alegria para assumir a minha vocação de Irmã de São José com o carisma da Comunhão. Eu quero viver do jeito de Maria, firme e forte no sim à tua vontade. Amém”.

Ir. Manoelita era essa pessoa alegre, feliz, de bem com a vida, sempre disposta e pronta para servir, apesar de suas dores e limitações. Foi se consumindo e gastando como uma vela a serviço dos outros. Aos poucos foi se aquietando mais e necessitando de maiores cuidados, passa a integrar a Comunidade São José do Patrocínio em Vacaria/RS, mas sempre manteve o espírito muito aberto voltado aos outros.

Querida Ir. Manoelita, somos profundamente agradecidas a Deus pela longa vida colocada a serviço do povo de Deus como Irmã de São José. Somos gratas pelo exemplo de doação, coragem humildade, simplicidade, silêncio, alegria, bondade, escuta. Junto de Deus continue olhando para o povo que foi atingido com sua presença, sua palavra, sua ajuda. Acompanhe com carinho seus familiares que também sentem muito sua ausência física. Ajude a cada uma de nós Irmãs de São José, para que possamos ser fiéis e coerentes com a vocação que assumimos. Descanse na paz daquele que sempre te deu força: Jesus Cristo. Receba Dele a recompensa de tantos anos colocados a serviço dele e do seu Reino.

Aos poucos, Ir. Manoelita foi fazendo sua entrega definitiva e no dia 27 de maio de 2025, parte ao Pai, contando com 98 anos de vida e 80 anos de Vida Religiosa Consagrada como Irmã de São José. O corpo da Ir. Manoelita, após missa celebrada na Capela Funerária Sagrada Família, foi sepultado no Jazigo das Irmãs de São José do Cemitério Municipal Santa Clara em Vacaria /RS.

                             Vacaria, 28 de maio de 2025