Província da Congregação das Irmãs de
São José de Chambéry no Brasil
Núcleo SSma. Trindade
Irmã Judith Maria Muniz
* 17/03/1922 + 21/11/2024
Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado... pois eu estive doente e cuidaste de mim (Mt 25,34.36).
Francisca Muniz, nasceu em São Cristóvão -SE, no dia 02 de abril de 1927. O casal, seu Bernardino Muniz e D. Judith Alves, tiveram 5 filhos, um homem e 4 mulheres, entre elas Francisca (I. Judith) e sua mana Isabel, ambas Irmãs de São José.
A boa educação dos filhos era competência da família. O pai era uma pessoa sempre tranquila, piedoso e honesto e a mãe, simples e muito caridosa, inclusive ao falecer, foi chamada Mãe dos Pobres. Muito bem-querer unia a família... claro que não faltavam briguinhas de criança. Francisca frequentou o Grupo Escolar Vigário Barroso, da cidade, bem como os irmãos.
Em 1941, faleceu a mãe, Judith. Um ano depois, seu Bernardino casou-se de novo, mas não separou a família como era costume na cidade. A única coisa que pediu aos filhos, foi respeitar a nova esposa e pedir a benção, de manhã e à noite, não precisando chamá-la de mãe. Felizmente, ela gostava das crianças e o clima da família continuou bem. Quando foram chegando seus filhos (4 mulheres e 2 homens), viviam todos como verdadeiros irmãos.
A paróquia da cidade estava a cargo de Freis Franciscanos, que incentivavam muito a participação nas atividades da Igreja: Catequese, Filhas de Maria, Ordem Terceira Franciscana, Cruzada Eucarística, Apostolado da Oração.
O mês de maio era muito bonito. A Páscoa e Semana Santa não ficavam atrás. Na 5ª Feira Santa, todos ficavam em adoração, na igreja até meia noite. Aí, chegavam os homens, ao som da música, e permaneciam em adoração até às 6 da manhã, quando se revezavam os grupos até à tarde. A Ressurreição de Jesus era celebrada, a partir das 4 da manhã, os sinos acordando a população para subir a ladeira, ao clarão da lua cheia, e celebrar festivamente na matriz São Francisco.
Na cidade, havia Irmãs Missionarias da Imaculada Conceição, da qual fazia parte Irmã Dulce (BA) agora canonizada. Elas trabalhavam na rua com os pobres, as crianças e os doentes, só com o rosto e as mãos à mostra. Pareciam santas andando nas ruas. Tanto, Francisca como sua irmã Isabel, desde pequenas, sentiam grande atração pelas freiras e sua dedicação aos pobres. Francisca tentou entrar na Congregação, de origem alemã, mas não foi aceita por discriminação de cor.
Francisca teve licença do pai para fazer o Curso de Enfermagem em Campinas. Na cidade, existia o curso de enfermagem desde 1949, na Santa Casa, dirigida pelas Irmãs de São José, desde a inauguração em 1876. Era a Escola de Enfermagem Madre Maria Teodora, agregada, à Universidade Católica de Campinas, como Faculdade de Enfermagem Madre Maria Teodora (fechada em 1967). Em Campinas, Francisca recebia visitas de Isabel, que já morava com um irmão no Rio de Janeiro.
Enfim, Francisca podia realizar o desejo de se consagrar a Deus na Vida Religiosa. Decidida, entrou no Noviciado das Irmãs de São José, a 17 de janeiro de 1959. Recebeu o hábito a 31 de julho de 1959 com o nome da mãe, Judith Maria. Fez os primeiros votos a 31 de julho de 1959 e os votos definitivos a 22 de janeiro de 1967.
Irmã Judith sempre buscou aperfeiçoamento área da Saúde. Fez graduação pedagógica, pós-graduação, licenciatura e mestrado, para magistério, tudo no ramo da Enfermagem. Além de atuar na prática, junto aos doentes, exerceu o magistério dando inestimável contribuição na formação de profissionais qualificados para as crescentes demandas do setor de saúde. Foi Diretora da Faculdade de Enfermagem São José, (repassada aos Camilianos) sempre garantindo valores de ética, responsabilidade social, empatia e busca da excelência na formação.
Em 1988, Ir. Judith foi encarregada como Coordenadora do Departamento de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Irmã Judith fez questão de registrar no seu currículo, quanto se dedicou a preparar Pe. Pedro Casaldáliga (Dom) e Ir. Manoel Luzon, na área da Saúde, para a missão na região de São Felix do Araguaia. Ministrou a ambos, noções sobre socorros em determinadas urgências. Pe. Pedro se interessou também em ter conhecimento sobre gestantes e nascituros, fazendo inclusive uma visita ao setor de obstetrícia da Santa Casa de SP. Com um interesse muito grande, tomou conhecimento de textos sobre vários aspectos no cuidado da saúde. Queria estar bem preparado para a missão que lhe fora confiada. Muito
grato passou a considera Ir. Judith como madrinha.
Já aposentada há tempos, chegou sua hora de descansar sendo transferida para a Comunidade de Cuidado em Itu e, posteriormente para a Comunidade São José, em São Paulo. Como passatempo, entretinha-se com leituras e caça-palavras. Tratava-se de problemas de saúde e achaques da idade. No dia 7 de maio/2025, Deus a chamou para as alegrias eternas a filha bem amada e a recompensa de seu grande testemunho de fé, serviço e amor ao “querido próximo”.
Querida Irmã Judith Maria, bendita do Pai,
nas alegrias do Reino, intercede por nós!