Irmã Maria Cacilda dos Santos

“E se alguém der, mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua recompensa” (Mt 10,42).

Gilda Carolina dos Santos nasceu a 06 de julho de 1936 no Bairro Cachoeira, da cidade de Pouso Alto – MG, sendo seus pais o Sr. José Francisco dos Santos e sua mãe, D. Maria Carolina dos Santos. O casal teve 10 filhos, sendo Gilda Carolina, a sexta entre eles. Os pais levaram a filha à pia batismal no dia 28 do mesmo mês. Gilda Carolina cursou o primário nessa localidade. Para compras e cerimonias iam a Pouso Alto, pois só de vez em quando havia missa em Cachoeira. Voltar à noite sob o luar era uma festa para a turma!

Com a morte da mãe, que ocorreu em 1951, o pai ficou desgostoso, vendeu a propriedade e mudou-se para São Luiz do Paraitinga - SP, onde já moravam alguns tios. E continuaram a trabalhar na lavoura. Estavam ainda se acostumando ao novo local, quando o pai foi ferido acidentalmente por uma bala. Que golpe para a família! Levado ao Hospital Santa Isabel de Taubaté, foi muito bem acolhido e tratado pelas enfermeiras Irmãs de São José. Cresceu grande amizade entre elas e o Sr. José que chamavam de Tio Zequinha.

Foi nessa ocasião que Gilda Carolina conheceu as Irmãs de São José. E logo se encantou com sua bondade e delicadeza. Uma prima já tinha entrado na Congregação. Gilda Carolina decidiu seguir essa vocação. Junto com outra prima, Eurides, entrou no Juvenato em Itu, em 1955. Era muito bom receber a visita do pai. Seu Zequinha era um homem alto, alegre e brincalhão e ficou amigo de muitas Irmãs.

Gilda Carolina entrou para o Noviciado no dia 25 de janeiro de 1957 e recebeu o hábito a 31 de julho de 1957 com o nome de Maria Cacilda. I. Maria Cacilda fez os primeiros votos, no dia 31 de julho de 1959 e a profissão perpétua no dia 31 de julho de 1964.

Ao longo de seus anos de Vida Religiosa, Irmã Maria Cacilda serviu em muitas de nossas comunidades e missões. Seu testemunho traz a marca bem característica da Irmã de São José que sabe qualificar seus relacionamentos na convivência com as coirmãs e no trato com o “querido próximo”, fosse quem fosse. Ninguém que teve a oportunidade de conhecer Irmã Cacilda ficou sem uma boa palavra, sem um sorriso, sem a certeza de uma prece. Entre as muitas experiências, Ir. Cacilda relata: “Passei um ano no Centro Promocional de Jaú, ocupando-me da catequese e da promoção humana. Oferecíamos cestas básicas a famílias carentes com preço mínimo. À tarde, ia de ônibus para a Vila Cipó, hoje Santo Ivo, onde a pobreza era grande. Reuníamos as crianças para recreação, canto, sopa. Meu Deus, como muitas vinham sujas e cheias de piolhos... nunca vi tantos. Atendíamos mães e visitávamos famílias”.

Depois de servir em várias Comunidades de São Paulo, Irmã Cacilda foi enviada em missão a Goiás, primeiro em Mozarlândia, no fim do ano de 1983 onde permaneceu até 1987. De volta a São Paulo, marcou presença no Noviciado em Itu e depois em Indaiatuba. Voltou a Goiás fazendo parte, por vários anos, da Comunidade do Jardim Dom Fernando na periferia de Goiânia.
Em seguida, foi transferida para o Alto Boa Vista, na Prelazia de São Félix do Araguaia - MT.
Quando não havia padre na cidade, as Irmãs atendiam semanalmente as comunidades rurais e da cidade, fazendo celebração e distribuindo a comunhão. Organizavam a catequese, faziam os batizados, visitavam os doentes. Elas eram presença orante nos velórios, celebravam as exéquias e acompanhavam o enterro. Alto Boa Vista era um local de passagem de pessoas em trânsito. Todos os que passavam por lá e o pessoal que vinha das chácaras, sempre encontravam as deliciosas bolachas de Ir. Cacilda, café, pão, etc... Ir. Cacilda era mestra em acolhida! Aliás, com sua disponibilidade em servir, Ir. Cacilda marcou todos os lugares por onde passou e todos os encontros de que participou. Mas precisou voltar a São Paulo, para tratamento de saúde.

O povo do Alto Boa Vista junto com o Padre Aldo Busso, reuniu seus depoimentos num tocante PowerPoint homenageando Ir. Cacilda. Eis o texto:

Senhor Jesus, um dia disseste: “Fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes...”
Nós te louvamos pelo dom da vocação religiosa de Irmã Cacilda, pelo testemunho de oração, serviço, proximidade que cada um recebeu dela.
Senhor, um dia declaraste: “Vós sois meus amigos.”
Nós te agradecemos pela amizade profunda, verdadeira que a Irmã Cacilda ofereceu a todos nós.
Presença amiga, silenciosa e discreta; pronta para acolher, escutar, consolar e ajudar em cada momento e em todas as comunidades.
Senhor Jesus, um dia fizeste este convite: “Permanecei no meu amor”.
Queremos guardar no coração o exemplo de Irmã Cacilda, e permanecer unidos, para continuar a viver o mandamento do amor, na força da fé e na paz do abandono à Tua vontade.
Obrigado Sr. Jesus Ressuscitado, por ter colocado Irmã Cacilda em nossas vidas e ao nosso lado.
Obrigado pelos frutos de bem semeados na nossa Paróquia e cidade do Alto Boa Vista.
Obrigado Irmã Cacilda! No abraço de Nossa Senhora de Fátima, com São José, padre Médaille e Madre Teodora, descanse em paz na alegria eterna do Paraíso.

E a presença de Ir. Cacilda em sua família? “Para nós a Tia Cacilda foi e será sempre a nossa segunda mãe, sempre mandando cartas quando ainda não existia internet. Todo ano ficáva-mos esperando a sua chegada, sempre trazendo um pacotinho de balas para todos, mesmo bastante crescidinhos, as balas não podiam faltar. Ela sabia que nós éramos fãs das guloseimas da tia, não se esquecia de nós e chegava sempre com receitas novas de doces e bolos. Ela foi para junto de Deus e Nossa Senhora. Onde estiver, jamais vai nos deixar; temos uma intercessora junto de Deus! A data de seu falecimento não podia ser melhor, dia de Nossa Senhora de Fátima, que bonito! A Tia sempre teve aquele sorriso agradável para com todos por pior que fosse a situação. Tinha uma palavra meiga, um carinho, um elogio, uma sugestão. Nunca vamos esquecer cada palavra sua nos últimos dias que falamos com ela por telefone: ‘Meu muito obrigada por tudo que fizeram por mim e que Deus abençoe a todos da família; estive e estarei sempre nos braços de Nossa Senhora e Ela fará de mim o que achar melhor!’ Elogiar e falar da Tia é muito pouco. Ela é para nós uma rainha e soberana da Família. Tenho certeza de que está sentada ao lado de Deus Pai tão bondoso” (Ângela Rangel, sobrinha).

Assim, nossa querida Irmã Cacilda alcançou sua meta no caminho para Deus, partindo para a morada definitiva no dia 13 de maio de 2015, festa de Nossa Senhora de Fátima. Quantos terços Irmã Cacilda rezou! Nesta festa, Maria veio buscar sua fiel servidora para as alegrias eternas junto de Deus e de seus santos.

“Querida Irmã Cacilda, alegrando o Paraíso com sua presença, lembre-se de nós ainda peregrinas/os!”